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terça-feira, 21 de abril de 2015

Inconfidências e Inconsistências

Hoje é Feriado, Feriado Nacional, Feriado prolongado. Saiamos às ruas fazer o que se deve fazer nos Feriados, vamos homenagear, vamos relembrar. Mas que feriado é hoje? A quem celebramos? Há mais de 200 anos, nosso país ainda uma Colônia Portuguesa, governado por uma mulher, de alcunha "A Louca" vivia oprimido, sugado. Enquanto os filhos da colônia os que um dia seriam "brasileiros" trabalhavam de forma árdua para ver toda sua riqueza escoada pra fora do país para cair nas mãos da "Louca" de sua corte e de seus seguidores. Na época A Mata Atlântica era absolutamente devastada para dar lugar a uma agricultura e pecuária de exploração, toda para exportação. Todo o dinheiro ia para a Capital do Reino, Nada por aqui ficava. Enquanto "a Corte" se locupletava em luxos e prazeres, nada havia para aqueles que geravam a riqueza além de impostos e mais impostos. E pelas frestas da corrupção de então, a justiça se aplicava tão somente em favor dos nobres, dos filhos da Capital e em detrimento dos pobres e trabalhadores, na sua maioria escravos, sequestrados de suas origens, privados de suas culturas, de seus valores, de sua dignidade, de seus nomes, de sua identidade. E pior tendo esta crueldade por avalista, uma igreja que justificava tais atrocidades dizendo que era para sua evangelização e seu bem pois eram frutos do pecado. 

Tentemos entender onde estávamos então há 250 anos? Governados por uma 'Louca" que tinha o apoio de uma religião corrupta, que extorquia seu povo com impostos, que tirava todos os direitos dos trabalhadores, que permitia um desmatamento sem precedentes em nome da riqueza e cuja Justiça só servia aos seus cortesões.

É impressionante ver o quanto nosso país avançou ao longo destes 200 e tantos anos graças ao sacrifício daqueles que lutaram para transformar nossa Pátria nessa Mãe Gentil que ela é hoje. 

Nunca em tempos deste Brasil de Berço Esplêndido veríamos toda uma quadrilha que lutasse contra as leis de uma nação ser desmembrada por inteiro e somente o mais pobre ser condenado à morte enquanto aos demais, penas menores.

Nunca em tempos deste Brasil cujo Povo Heroico já Bradou Retumbante veríamos uma nação dobrar-se de forma tão vil a aumentos de impostos e tarifas, e ao roubo de suas riquezas, em uma nova derrama.

Nunca nesta Terra Mais Garrida cujos Bosques Têm Mais Vida permitiríamos que o governo de uma 'Louca" deixasse que mais de nossas matas morressem sem nenhum cuidado, e muitos menos que um dos exploradores dos Nossos Lindos Campos Têm Mais Flores fosse a própria corte.

Nunca neste solo onde Um Filho Teu Não Foge à Luta" se aprovariam leis que transformariam os trabalhadores em servos ou escravos modernos.

Nunca neste país de Berço Esplêndido veríamos nosso ouro amarelo ou negro servir a um plano de perpetuação de poder e corrupção. 

Nunca verias os governantes do Florão da América chafurdando no óleo das veias desta nação e no sangue dos inocentes vítimas da violência descontrolada e da impunidade sacramentada.

Mas talvez algumas pessoas pensem ao ler este texto que estamos deixando o maior homenageado em segundo plano, aquele homem simples e trabalhador, aquele barbudo que foi a cara de um movimento de libertação, um homem modesto do povo, que justamente por ter sido vítima da opressão foi o único que pagou com sua vida para nos dar esta nossa Pátria Amada Idolatrada Salve Salve... Isso é porque aquele barbudo de então, aquele barbudo da colônia, aquele de 200 e tantos anos atrás não merecia o que a Louca lhe sentenciou por sua ousadia. Aquele...

"(...) Portanto condenam ao Réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, Alferes que foi da tropa paga da Capitania de Minas, a que com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, aonde em lugar mais público dela será pregada, em um poste alto até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregado em postes pelo caminho de Minas no sítio da Varginha e das Cebolas, aonde o Réu teve as suas infames práticas, e os mais nos sítios de maiores povoações até que o tempo também os consuma; declaram o Réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens aplicam para o Fisco e a Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique e não sendo própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados e no mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infâmia deste abominável Réu (...)".