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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Dia dos Avós – Dia de Nanâ Buruquê



Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto de contacto desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nana.
Senhora de muitos búzios, Nana sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo Daomé, significa “mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nana é muitas vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja frequentemente descrita como um orixá masculino.
Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos os outros orixás.
A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino.
A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nana faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nana.
Nana é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.
Ela é a origem e o poder. Entender Nana é entender o destino, a vida e a trajectória do homem sobre a terra, pois Nana é a História. Nana é água parada, água da vida e da morte.
Nana é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nana é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.
Nana pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam boas acções vivem preocupados com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência.
Nana, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nana, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.
É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nana. Respeitada e temida, Nana, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.

Nanã Burukú é o orixá dos mangues, do pântano, senhora da morte responsável pelos portais de entrada (reencarnação) e saída (desencarne) das almas.

Uma as orixás mais velhas da Umbanda
Identificada no Jogo de Búzios pelos odú ejilobon e representado materialmente na umbanda através do assentamento sagrado denominado Igba Nanã.
Nanã juntamente com Oxalá teve 4 filhos, os orixás, Omolú/ObaluaiêOxumarêEwá e Ossaim.
Nanã é dona de um cajado, o ibiri. Suas roupas parecem banhadas em sangue, orixá das águas paradas que mata de repente, ela mata uma cabra sem usar faca. Seus fios de conta são lilás e branco ou roxo.
Culto a Nanã Burukú
Nanã é considerada o orixá mais antigo do mundo. Quando Orunmilá chegou aqui para frutificar a terra, ela aqui já estava. Nanã desconhece o ferro por se tratar de um orixá da pré-história, anterior à idade do ferro.
O termo “nanan” significa raiz, aquela que se encontra no centro da terra. Nanã tornou-se uma das yabás (Orixás femininas) mais temidas, tanto que em algumas tribos quando seu nome era pronunciado todos se jogavam ao chão.
Nanã é protetora dos idosos
Nanã é a senhora das doenças cancerígenas, está sempre ao lado do seu filho Omolú. É a protetora dos idosos, desabrigados, doentes, deficientes visuais.
Sincretismo religioso de Nanã com Sant’Ana
Nanã é ligada pelo sincretismo religioso a Sant’Ana, avó de Jesus, mãe de Maria
Sant’Ana, comemorada pela igreja católica em 26 de julho, cujo nome em hebraico significa graça, pertencia à família do sacerdote Aarão e seu marido, São Joaquim, pertencia à família real de Davi.
Seu marido, São Joaquim, homem pio fora censurado pelo sacerdote Rúben por não ter filhos.
Mas Sant’Ana já era idosa e estéril. Confiando no poder divino, São Joaquim retirou-se ao deserto para rezar e fazer penitência. Ali um anjo do Senhor lhe apareceu, dizendo que Deus havia ouvido suas preces. Tendo voltado ao lar, algum tempo depois Sant’Ana ficou grávida. A paciência e a resignação com que sofriam a esterilidade levaram-lhes ao prêmio de ter por filha aquela que havia de ser a Mãe de Jesus.
Características dos filhos da Orixá Nanã
São conservadores e presos aos padrões convencionais estabelecidos pelos homens. Passam aos outros a aparência de serem calmos, mudando rapidamente de comportamento, tornando-se guerreiros e agressivos; quando então, podem ser perigosos, o que assusta as pessoas.
Levam seu ponto de vista às últimas consequências, tornando teimosia. Quando mãe, são apegadas aos filhos e muito protetoras. São ciumentas e possessivas. Exigem atenção e respeito, são pouco alegre e não gostam de muitas brincadeiras. Os filhos de Nanã são majestosos e seguros nas ações e procuram sempre o caminho da sabedoria e da justiça.
Os filhos de Nana são pessoas extremamente calmas, tão lentas no cumprimento das suas tarefas que chegam a irritar. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. As pessoas de Nana parecem ter a eternidade à sua frente para acabar os seus afazeres; gostam de crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. São pessoas que no modo de agir e até fisicamente aparentam mais idade.
Podem apresentar precocemente problemas de idade, como tendência a viver no passado, de recordações, apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral.
As pessoas de Nana podem ser teimosas e “ranzinzas”, daquelas que guardam por longo tempo um rancor ou adiam uma decisão. Porém agem com segurança e majestade. As suas reacções bem equilibradas e a pertinência das suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.
Embora se atribua a Nana um carácter implacável, os seus filhos têm grande capacidade de perdoar, principalmente as pessoas que amam. São pessoas bondosas, decididas, simpáticas, mas principalmente respeitáveis, um comportamento digno da Grande Deusa do Daomé.

Nanã na África
Em sua passagem pela Terra, foi a primeira Iyabá e a mais vaidosa, em nome da qual desprezou seu filho primogênito com OxaláOmolu, por este ter nascido com várias doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim, acabou abandonando-o numa praiaIemanjá o achou abandonado, quase morrendo e o curou e o criou como se fosse sua mãe, dando-lhe todo o amor e carinho. Sabendo do que Nanã fez, Oxalá condenou-a a ter mais filhos, os quais nasceriam anormais (OxumarêEwá e Ossaim), e a expulsou do reino, ordenando-lhe que fosse viver num pântano escuro e sombrio.
Nanã é dona de um cajado, o ibiri. Suas roupas parecem banhadas em sangue. É a orixá das águas paradas. Ela mata de repente, mata uma cabra sem usar faca. É considerada o orixá mais antigo do mundo. Quando Orunmilá chegou aqui para frutificar a terra, ela aqui já estava. Nanã desconhece o ferro por se tratar de um orixá da pré-história, anterior à idade do ferro. O termo "nanan" significa "raiz", aquela que se encontra no centro da terra.
É um vodun, segundo alguns pesquisadores, originário de Dassa-Zoumé. É uma velha divindade das águasPierre Verger encontrou um templo Dassa-Zoumé e o sacerdote do seu culto.

Ibiri, o instrumento de Nanã
A área que abrange seu culto é muito vasta e parece estender-se de leste, além do rio Níger, até a região Tapá, a oeste, além do rio Volta, nas regiões dos "guang", ao nordeste dos Ashanti.
Entre os fon e mahi, ela é considerada uma divindade hermafrodita, anterior a Mawu e Lissá, aos quais teria dado origem em associação com a "serpente do Universo" Dan Aido Hwedo. Para os ewes e minas, ela é, às vezes, vista como um vodun masculino (Nana Densu), esposo da grande mãe das águas Mami Wata.

Brasil

Nanã Buruku é cultuada no candomblé jeje como um vodun e, no candomblé queto, como um orixá da chuva, das águas paradas, manguepântano, terra molhada, lama e considerada a mãe dos orixás ObaluaiyêIrokoOsanyinOxumarê e Yewá.
Nanã é chamada carinhosamente de "Avó", por ser usualmente imaginada como uma anciã. É cultuada em todo o Brasil nas religiões afro-brasileiras. Seu emblema é o ibiri, que caracteriza sua relação com os espíritos ancestrais. Como "Mãe-Terra Primordial" dos grãos e dos mortos, Nanã Buruku poderia ser equiparada à Titã Gaia.
A existência do culto de Nanã Buruku é atribuída a tempos remotos, anteriores à descoberta do ferro: por isso, em seus rituais, não costumam ser utilizados objetos cortantes de metal.
baobá (Adansonia digitata L., em iorubá ossê e, em Fonakpassatin) é sua árvore sagrada.
No sincretismo afro-católico, Nanã Boroquê, como é chamada na umbanda, é equiparada a Sant'Ana.

Nanã no Batuque - RS

Nanã, no batuque (religião afro-gaúcha), é a Iemanjá mais velha de todas, embora não seja Iemanjá.
Oferendas para Nanã

Nanã aprecia flores de cores lilás, seu símbolo é a chuva, trabalha na energia de pedras ametistas e na energia do número 13. Rege os chacras frontal e cervical, é cultuada às segundas-feiras e seu elemento é a água. Lírio, Orquídea, Limão, Narciso e Dália são essências ligadas a Nanã. Manjericão Roxo, Colônia, Ipê Roxo, Folha da Quaresma, Erva de Passarinho, Dama da Noite, Canela de velho, Salsa da Praia e Manacá são ervas ligadas a mãe Nanã.

As oferendas são sempre acompanhadas de água mineral, velas brancas ou lilás, veja alguns exemplos:

1) Flor de Nanã: Fazer uma flor com massa de batata doce cozida e descascada (o miolo) e repolho roxo (as pétalas).
2) Canjica de Nanã: Canjica cozida com leite de coco.
3) Berinjelas da Avó: Berinjelas e batatas doces cozidas e servidas em travessa de barro, fatiadas ao comprido.
4) Efó: Ferve-se 1 maço bem grande de língua de vaca, espinafre ou bertalha. Depois bater com colher de pau até virar um purê; passa-se por uma peneira e espalhe a massa para evaporar toda a água; Depois de seca, coloca-se numa panela, junto com azeite de dendê, camarões secos e cebola. Cozinha-se com a panela tampada e em fogo baixo

Além destas, Nanã aprecia frutas como banana-da-terra e figo.

Sugestões de oferenda para a Orixá Nanã

Oferenda 1
3 Batatas doces roxas cozidas sem casca
1 Água mineral
3 Colheres de sopa de mel
1 Flor Hortênsia lilás ou roxa
3 Velas lilás
Folhas de repolho roxo para forrar o chão
Faça uma massa com a batata doce em forma de coração, regue com o mel, enfeite contornando com pequenos galhos de hortênsia, circunde com a água e acenda as velas circundando a oferenda.
Oferenda 2
Folhas de repolho roxo para forrar o chão
7 Velas lilás
7 Ameixas roxas
1 Água mineral
Oferenda 3
Folhas de repolho roxo para forrar o chão
7 Velas lilás
7 Velas brancas
7 pequenos cachos de uva moscatel
1 Água mineral
Oferenda 4
Folhas de repolho roxo para forrar o chão
13 Velas lilás
7 Figos
7 Jabuticabas
1 Água mineral
Oferenda 5
Folhas de repolho roxo para forrar o chão
7 Velas lilás
7 Jamelões
7 Inhames pequenos cozidos
Mel para regar
Oferenda 6
Folhas de repolho roxo para forrar o chão
13 Velas lilás
7 Berinjelas pequenas cruas e com as cascas
Melado de cana para regar as berinjelas
1 Água mineral para derramar em volta da oferenda
Oferenda 7
Folhas de repolho roxo para forrar o chão
7 Velas lilás
7 Flores de Lisiantus na cor lilás
7 pequenos cachos de uva moscatel
1 Água mineral para derramar em volta da oferenda
Oferenda 8
Folhas de repolho roxo para forrar o chão
7 Velas lilás
7 Rabanetes
7 pequenos cachos de uva moscatel
7 Azaléias
1 Água mineral


Contribuição do Sacerdote Jaraquitú de Ogum:

NANÃ

Rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. Atua decantando os seres emocionados e preparando-os para uma nova “vida”, já mais equilibrada.
A orixá Nanã Buruquê rege uma dimensão formada por dois elementos, que são: terra e água. Ela é de natureza cósmica pois seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres que, quando recebem suas irradiações, aquietam-se, chegando até a terem suas evoluções paralisadas. E assim permanecem até que tenham passado por uma decantação completa de seus vícios e desequilíbrios mentais. Nanã forma com Obaluaiyê a sexta linha de Umbanda, que é a linha da Evolução. E enquanto ele atua na passagem do plano espiritual para o material (encarnação), ela atua na decantação emocional e no adormecimento do espírito que irá encarnar. Saibam que os orixás Obá e Omulu são regidos por magnetismos “terra pura”, enquanto Nanã e Obaluaiyê são regidos por magnetismos mistos “terra-água”. Obaluaiyê absorve essência telúrica e irradia energia elemental telúrica, mas também absorve energia elemental aquática, fraciona-a em essência aquática e a mistura à sua irradiação elemental telúrica, que se torna “úmida”. Já Nanã, atua de forma inversa: seu magnetismo absorve essência aquática e a irradia como energia elemental aquática; absorve o elemento terra e, após fracioná-lo em essência, irradia-o junto com sua energia aquática.
Estes dois orixás são únicos, pois atuam em pólos opostos de uma mesma linha de forças e, com processos inversos, regem a evolução dos seres. Enquanto Nanã decanta e adormece o espírito que irá reencarnar, Obaluaiyê o envolve em uma irradiação especial, que reduz o corpo energético, já adormecido, até o tamanho do feto já formado dentro do útero materno onde está sendo gerado .
Este mistério divino que reduz o espírito ao tamanho do corpo carnal, ao qual já está ligado desde que ocorreu a fecundação do óvulo pelo sêmen, é regido por nosso amado pai Obaluaiyê, que é o “Senhor das Passagens” de um plano para outro.
Já nossa amada mãe Nanã, envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal. Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a “memória” dos seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.
Em outra linha da vida, ela é encontrada na menopausa. No inicio desta linha está Oxum estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos. Nas “linhas da vida”, encontramos os orixás atuando através dos sentidos e das energias. E cada um rege uma etapa da vida dos seres.
Logo, quem quiser ser categórico sobre um orixá, tome cuidado com o que afirmar, porque onde um de seus aspectos se mostra, outros estão ocultos. E o que está visível nem sempre é o principal aspecto em uma linha da vida. Saibam que Nanã em seus aspectos positivos forma pares com todos os outros treze orixás, mas sem nunca perder suas qualidades “água-terra”. Já em seus aspectos negativos, bem, como a Umbanda não lida com eles, que os comente quem lidar, certo?

Fonte: http://colegiodeumbanda.com.br
Fonte: Colégio de Umbanda Pai Benedito de Aruanda.

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