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domingo, 21 de junho de 2015

Não existe Amarração de Amor...

Há exatas três décadas, um grupo de amigos (se é que dá pra chamar assim) me levou a um lugar diferente.

Eu morava fora do Brasil, e até então tinha tido pouco ou nenhum contato com qualquer religião, filosofia, culto ou seita sequer, que falasse de espíritos e de seu intercâmbio com os vivos. Minha única certeza, era uma fé inata e intrínseca na reencarnação.

Assim como todo adolescente meio nerd, corria atrás de todos os filmes, livros, seriados, HQs que falassem sobre o além, sobre o desconhecido, sobre magia, e coisas afins. Éramos fascinados pelo oculto sem entender que havia razões para estar "oculto". Da mesma forma hoje que vemos crianças nas periferias do mundo brincando com as armas dos adultos sem entender ainda o risco para suas próprias vidas, mergulhávamos atrás de pessoas que nos mostrassem esse excitante mundo do invisível, sem entender sobre as consequências de brincar com o que não se conhece ou respeita.

Em férias aqui no Brasil, fui conduzido a esse lugar diferente, em um bairro retirado, pobre, uma casa bastante simples, mas muito limpa e diria até alegre. Fomos até os fundos onde uma espécie de altar branco estava colocado com diversas imagens, tirando o Cristo que reinava no topo; predominava o vermelho e o preto nas vestimentas das outras. Para muitos essa descrição já ativaria todos os preconceitos imagináveis, e levaria a conclusões errôneas, como a de um néscio que culpa o revólver pelo homicídio.

Quando lá cheguei, uma mulher de aparência emasculada (com jeito masculino) vestindo uma capa estava a acender um charuto com uma vela vermelha. Quem já leu estudos sobre a origem sagrada do fumo e outras ervas que nos colocam em contato com outras partes de nosso cérebro sabe que não é o fumo que é ruim, mas sim o abuso que o ser humano faz de plantas que deveriam ter uso somente religioso ou medicinal...

Prossigo, a mulher, segundo me informaram estaria incorporada e eu era convidado a assistir à cerimônia que se desenrolava. Tão logo entrei fui interpelado pela médium , ou pela entidade, sobre o porque de eu estar ali, quando respondi que não sabia, que me haviam levado até ali... Imediatamente a médium manifestou seu desagrado dizendo aos outros que eu não deveria estar ali, que aquele não era meu lugar. Mas que se eu quisesse ali permanecer aprenderia algumas coisas... Sou um eterno curioso e não meço riscos, mediria menos ainda aos 17, decidi ficar e ver.

Imediato convidaram uma mulher a que adentrasse a sala. Esta trazia a foto de um homem e dizia que queria aquele homem para ela, que queria que ele se separasse de sua então companheira e ficasse com a consultante. Imediato a entidade disse; "Traz aquele livro que vocês tem lá na sala e com o qual vocês pensam que podem me controlar". A Bíblia foi trazida e entregue à médium, curiosamente, sem sequer olhar para o livro, folheou-o com uma mão enquanto me olhava abriu-a e me mandou ler o lugar que ele marcara: Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.  1 João 4:8

Quando terminei a leitura, a explicação começa. "Não existe amarração de amor, porque o amor só pertence a Ele lá no alto. Ninguém tem poder para forçar o Amor onde Deus não o criou. Posso condenar duas pessoas a viver amarradas uma a outra por sentimentos como paixão, posse, ciúme, mas jamais será Amor. Viverão juntos e não conseguirão viver um sem o outro, mas jamais será Amor."

Acho que naquele momento a explicação não me surpreendeu tanto quanto a habilidade no manuseio da Bíblia, e sinto que aquele ser percebeu minha surpresa ao olhar para mim e dizer, "esta é a lição que você veio aqui aprender; não acredite em ninguém só porque recita escritura sagrada com conhecimento, descubra as pessoas pelas suas ações e exemplos, conhecer a Bíblia não é sinal de beatitude, ninguém abaixo do Céu conhece a Bíblia melhor do que aquele que estava no começo, está no meio e estará no fim dela.." Dizendo isso, mandou que me levassem embora de lá pois minha vibração atrapalhava o trabalho dele.

Saí de lá sem entender porque havia ido até lá, ou sequer com quem ou o quê eu havia conversado. Mas com duas preciosas lições aprendidas, o resto, foram necessários uns 20 anos para eu entender, mais uns 5 para eu aceitar e respeitar e outros 2 para eu agradecer.

Dias atrás, alguém me perguntou se por conta de minha atividade como Tarólogo, eu recebia muitas solicitações de Amarração de Amor, o curioso, foi que a resposta não foi dada diretamente por mim, mas por uma das ciganas que me acompanha e auxilia em meu trabalho: "Não, e nem deve. oito de cada dez pessoas que morrem na mão de maridos ou esposas ciumentos ou enlouquecidos, fez a tal da amarração e na hora de fugir, esqueceu de pedir para desfazer a magia... Ninguém desvia a natureza de seu curso sem pagar um preço sério por isso."

Em um momento em que as religiões se armam umas contra as outras, em que querem ter exclusividade sobre Cristo, ou sobre Satanás, ou sobre a Cruz, é importante destacar, que o Demônio não está nas vestes brancas da menina de 11 anos que levou a pedrada, o mal está no coração de quem atira a pedra em uma criança. Que o Demônio não está naquela senhora idosa de mais de 90 anos que morre do coração ao ver sua crença desrespeitada, sua fé insultada, mas o Mal está no coração de quem profere os insultos. Que o Demônio não está naquele Médium que passou a vida curando e praticando a caridade sem cobrar por isso, mas o Mal está em quem lhe tirou a vida de forma covarde. Acima de tudo, que Deus não está naquele que cita a Bíblia para gerar ódio, intolerância e violência, mas o Bem está naquele que com ou sem Bíblia, vive e testemunha pelo exemplo aquilo que Jesus nos ensinou:

Bem-aventurados os humildes de espírito de Deus, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os Defensores da Paz, porque serão chamados filhos de Deus! Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de Mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

O que faz de ti um digno filho de Deus não é a religião que segues mas o amor que dedicas ao teu próximo.

Axé... Que assim seja...

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Dia dos Namorados Em Tempos de Cruzes...

É mais uma data criada para estimular o comércio; dirão os mais politizados. É uma forma de torturar os solteiros; dirão os descompromissados. É um dia como outro qualquer; dirão os recalcados. Todos os dias são dia dos namorados; dirão os apaixonados. É uma data para Adão e Eva, não Adão e Adão, dirão os atrasados.

Talvez, seja um pouco de tudo isso e nada disso, ou mais do que isso. Para os que estão juntos há muito tempo será uma forma de reencontrar o romantismo, ou perceber que morreu de vez; para os que estão juntos a pouco tempo uma oportunidade de afirmar a relação.

Pode ser tantas coisas diferentes, mas no meu caso especificamente é a celebração de várias grandes vitórias.

Ano passado representou 10 meses juntos; agora, quase dois anos juntos. Dois anos de um amor idílico, viagens românticas, restaurantes elegantes, eventos sociais e muitos jantares em casa... Só Que Não.

Foram dois anos enfrentando problemas no trabalho, dificuldades financeiras, problemas familiares, problemas espirituais, vizinhos preconceituosos e ignorantes, dois anos em que as viagens foram poucas, mas muito bem aproveitadas, dois anos em que às vezes um X Tudo e um Creme de Açaí na lanchonete do bairro foram a extravagância do mês, dois anos em que tivemos muitas vezes que esperar 3 meses para aquele super filme do cinema aparecer na Internet pra poder baixar e assistir.

Foram dois anos, em que diante dos "nãos" da vida, só tínhamos o aconchego do amor para nos acalmar. Dois anos em que um foi para o outro a lembrança de que Deus não nos esqueceu, pois quem tem um amor, supera absolutamente tudo. E tudo foi superado porque cada um tinha no companheiro uma razão para seguir, cirurgias, trabalhos de faculdade, desemprego, sub-emprego, aquelas despesas que parece que teimam em acontecer quando você menos tem direito a elas.

Mas quem passe por baixo de nossa janela, poderá ouvir nosso riso constante, porque somos felizes, e não apesar das dificuldades, mas até por causa delas. Lógico que provavelmente no Brasil moderno da Tradicional Família Brasileira ninguém poderá testemunhar publicamente nossas demonstrações de carinho, pois poucos são os que têm Deus no coração o suficiente pra entender o quanto somos felizes, o quanto nos amamos e o quanto somos realmente uma família.

Nestes dois anos criamos nossa própria linguagem, nossos códigos, nossa história, nossos hábitos. Deitar-nos juntos, e deixar o sono nos pegar abraçados antes de virar cada um pro seu lado. Eu preparar o café pra ele durante a semana, ele preparar pra mim no fim de semana. Levá-lo ao ponto de ônibus pela manhã, não só pelo medo da insegurança, mas pra poder compartilhar mais alguns minutos ao lado dele, mesmo que em silêncio com sono e sem assunto ou às vezes até brigando.

Nestes dois anos, aprendemos muito sobre compreensão, tolerância e entendimento, vencer uma barreira de 24 anos de diferença, entendendo os anseios, as angústias, os sonhos e os medos de duas pessoas que decidiram amar com uma geração de distância, diferenças culturais, sociais e um mundo contra; alguns por preconceito e ignorância outros por inveja tão somente.

Mas isso só foi possível, porque aprendemos a aceitar nossas fraquezas e admirar nossas forças. e eu admiro muito, respeito muito e amo muito meu namorado, meu companheiro, ou como nossos poucos mas valiosos amigos dizem: meu menino. Um grande homem, responsável, esforçado, um guerreiro, um conquistador, mas sim, suave, doce, alegre, moleque, menino.

Algumas pessoas, passam uma vida sem viver o que eu tive nestes dois anos, outras passam uma vida tendo mas sem dar valor porque só reconhecem o sucesso nas coisas materiais ou no status. 

Não te trocaria por nenhum dinheiro, e sei que nem você o faria pois aprendemos a nos amar na dificuldade e na escassez dele. E posso te assegurar que se por qualquer razão tudo se acabasse hoje, eu diria: esta foi uma vida que valeu a pena ser vivida. E foi você, meu menino, quem me proporcionou essa oportunidade me ensinando a ser menino de novo.

Eu tenho motivos para celebrar esta data, como tenho motivos para celebrar a vida... 

Feliz Dia dos Namorados, meu amigo, meu companheiro, meu cúmplice, meu amor, meu menino Wellisson Oliver. Te Amo
Wellisson e Ralf
 (pela grande Artista Plástica Simone Genaro Thibes)