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domingo, 21 de dezembro de 2014

Adeus ao Chaves!

Sem fotos, sem frases de efeito, sem comoção, afinal todos partem um dia e no nosso país um gênio como Chico Anysio partiu sem tanta balburdia. Mas verdade seja dita, quem morreu foi o Roberto Gomes Bolaños, o Chaves não! O Chaves é quase eterno, da mesma forma que continuamos a ver sucessivas vezes os mesmos capítulos gravados há quase 30 anos, e nem percebemos que o avatar permanecia jovem enquanto seu Alter Ego era vencido pelo tempo.

Verdade seja dita, o Chaves ainda vai existir por décadas, porque ainda por décadas, existirá a pobreza, por décadas ainda haverá cortiços, por décadas crianças sem pai ou mãe terão que se defender como podem de agressões, bullying, violência e abuso de poder.

Em um país onde a violência contra a mulher é absurda, uma mulher se impunha aos tapas sobre um pobre coitado, redimindo muitas mães e esposas. Nos fez rir de professores egocêntricos e autoritários. Nos fez rir de capitalistas exploradores obesos da fartura sobre os necessitados. Nos fez rir da dificuldade de se envelhecer sozinho e sem dinheiro para melhorar a aparência. Nos fez rir por antever o futuro de gerações e gerações de filhos únicos mimados pela culpa da ausência. Nos fez rir da triste realidade de mães solteiras tendo que defender suas crias de tudo e todos, nos fez rir de funcionários públicos lentos e preguiçosos que compõem a realidade de nossa América Latina. Nos fez rir da fragilidade de nosso sistema educacional. E por isso fez rir em espanhol e português porque somos irmãos na miséria, na opressão e no abandono. Nos identificamos, estava lá a nossa história o nosso dia a dia. Nos fez rir com sua ingenuidade, sua sinceridade, sua simplicidade, sua ausência de maldade.

Ah! Se o mundo real fosse assim, com todos vivendo dentro de suas pequenas vidas mesquinhas, mas que subitamente no final de um capítulo se manifestasse a humanidade de dentro do egoísmo, na forma de um sanduíche de presunto, ou um pirulito colorido, ou de um aluguel perdoado.

Foi-se o artista e "Ojalá" como dizem os hispânicos, que leve com ele nossas preces para que um dia o mundo não precise mais rir de sua miséria. Obrigado Roberto Gomes Bolaños, porque quando a miséria é grande rir é o maior, melhor e às vezes, o único remédio... Descansa em paz, missão cumprida. Eso Eso Eso!

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