Vem chegando o Natal, e a saudade sempre bate mais forte, à medida que vamos ficando mais velhos, a proporção entre presentes na árvore e preces aos que partiram vai se invertendo lentamente. Inevitável não lembrar de quem esteve presente na imensa maioria dos meus Natais e da homenagem pequena, mas mais que merecida que um dia lhe prestei. Esta foi para minha Avó queria, minha Abuelita.
E na Portaria perguntam:
Que riquezas trazes hoje, Amélia?
E ela responde: Pouco de material deixei para
trás nesta vida. Trago o arrependimento pelos meus erros desta e de outras, e
toda esta vida dedicada a repará-los: muita luta; a humildade conquistada e
ensinada; o exemplo na suavidade dos gestos; o exemplo da integridade e da
retidão; a devoção aos pais; a fidelidade no amor, na presença e na ausência; a
paciência e resignação que resistiram até às dores do último leito; muitos
sorrisos inspirados; o colo de mãe, avó, e bisavó (pelo sangue e pelo amor); o
ombro amigo de todos e sempre; todo o carinho que dei; o perdão de filhos a
mães e pais; reconciliações; muitos reencontros com Deus; exemplos de caridade,
de tolerância, e de paciência; palavras de esperança. Trago corações de filhos, noras(filhas), netos,
netas e bisnetos saudáveis felizes e bem-sucedidos; muitos bons conselhos
dados; muitas palavras de alivio; muitas orações por quem precisava, mesmo
quando nem sabia ou achava que precisava; muita fé e amor, vividos e
inspirados; o calor de muitos bebês cujas roupinhas costurei. Trago muitas bocas alimentadas com meu suor;
muitas almas alimentadas com meu amor e muitos pratos de sopa servidos a quem
não tinha o que comer.
Um anjo se aproxima e diz: Traz a gratidão eterna em orações de todos os que gozaram de sua presença, seu amor, suas preces e suas bençãos.
Lindo Texto!
ResponderExcluirMaravilhoso!Assim era a Dona Amélia!
ResponderExcluirUma saudade infinita.
ExcluirQue lindo texto...
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