Teologia Comparada Parte 11.
A Ancestralidade e a Umbanda.
Quando começamos nosso trabalho, mencionamos a
Umbanda como a mais jovem e mais ancestral das religiões, e talvez seja a hora
de entender este conceito.
Em primeiro lugar, como já vimos, alguns nem
sequer consideram a Umbanda como religião por uma definição deontológica.
A
Umbanda não possui uma liturgia definida.
A
Umbanda não possui “escrituras” sagradas.
A
Umbanda não possui um “clero” unificado ou centralizado.
Por essa perspectiva, as diferentes
manifestações religiosas denominadas Umbanda, seriam só um nome comum e cada
uma seria uma Seita aparte. Algumas correntes cultuam Orixás, outras não,
algumas cortam para Orixás outras, só para Exú, outras para ninguém, algumas
tem atabaques, outras não, em algumas o Ogã não canta, existe alguém para puxar
os pontos, algumas têm cambono, outras não. Algumas trabalham com o povo de
encruza outras não.
Mas curiosamente todas elas têm uma coisa em
comum, a ANCESTRALIDADE.
O que é ANCESTRALIDADE? Podemos definir a
questão da ancestralidade sob diferentes aspectos.
Ancestralidade Genética
Ancestralidade Espiritual
Ancestralidade Grupal ou Étnica.
A Ancestralidade Genética é aquela
que conhecemos com mais facilidade, nossos pais, avós, bisavós, tataravós e daí
para trás. Muito cultuada no Ocidente, herdada pelo Judaísmo, que consegue, por
exemplo, traçar a Genealogia de Cristo até Adão e Eva. Também questão sagrada
entre os Mórmons que durante décadas pesquisaram e guardaram suas genealogias
de modo a levar o evangelho aos seus antepassados e assim dar-lhes a
possibilidade de aceitarem a Jesus e serem batizados mesmo depois de mortos e
assim serem salvos no Juízo Final.
Algumas culturas orientais acreditam que em
nossas vidas além dos Carmas de nossas vidas passadas, resgatamos carmas que
passam através do sangue, carmas familiares, de nossos antepassados. Os
japoneses Xintoístas acreditam que podemos ser reencarnação de nossos
antepassados, e por isso cultuam seus ancestrais como forma de atrair bênçãos
para si mesmos, para eles as sucessivas encarnações acontecem sempre em grupos
familiares. O Xintoísmo também é uma religião Politeísta que acredita no culto
aos ancestrais assim como o Budismo originado na Índia. No Budismo não há um
Deus central há um aspecto divino ao qual todas as almas chegarão um dia após
abandonar os ciclos de reencarnação e o apego à matéria.
Ancestralidade Espiritual, esta é
a mais difícil de explicar por ser a mais difusa, sua compreensão depende de
acreditar em dois fatores, o da reencarnação, e o da unidade de consciência do
espírito, nos cultos orientais, as sucessivas encarnações vão polindo um
espírito que não tem propriamente consciência de si mesmo como uma unidade ou
seja de certo modo sem “ego”, podemos encarnar em diferentes “reinos”
espirituais aleatoriamente dependendo tão somente de nossos carmas; Ex: para os
hinduístas é possível reencarnar como animal, não sendo isso considerado
propriamente um castigo, mas somente uma consequência das escolhas evolutivas.
Os “reinos” ditos infernais, não são eternos; assim como o Umbral espírita; uma
vez esgotado o carma deixa-se a esfera espiritual probatória.
Então Ancestralidade Espiritual, não é aquela
dos pais e avós de nossa vida atual, mas sim os vínculos de amor e carma
adquiridos ao longo das sucessivas encarnações que se vinculam a nós, são
nossos guias e mentores espirituais, bem como nossos desafetos cármicos,
adquiridos ao longo de nossas vidas sucessivas. Aqueles vínculos de amor (ou
ódio) que transcendem uma única encarnação, criando laços que nos acompanham
por milênios ou pela eternidade, fazendo que almas afins ou ligadas pelo carma,
encarnem sucessivas vezes em ambientes de contato até esgotar suas dívidas ou
para auxiliar-se no desempenho de sua missão na Terra.
Se formos comparar as duas modalidades
estudadas até agora, poderíamos visualizar da seguinte forma. Ao longo de uma
vida (eternidade), tenho vários empregos (encarnações). Dentro desta eternidade
construo vínculos (famílias espirituais) que carrego comigo, mesmo que um
desses meus empregos (encarnações) me leve temporariamente para longe da
família. Por outro lado, neste emprego (encarnação) tenho que resolver
problemas que eu causei (meu carma) ou que meus antecessores na vaga deixaram
(carma genético ou familiar) para isso, formamos grupos e equipes de trabalho,
criamos relações de coleguismo (familiares e amigos da vida presente) e muitas
vezes criamos inimigos em nosso trabalho (encarnação). Ao longo desse serviço
pode que eu me vincule de forma mais intensa com algum desses colegas que
passará a compor minha família de vida (eternidade). Ao dormir, viajo em
direção a minha família eterna, ao desencarnar tiro férias entre um trabalho e
outro junto deles. Essa família eterna é a nossa Ancestralidade Espiritual.
A Ancestralidade Grupal é a Ancestralidade
Espiritual de todo um povo. É a soma das famílias ancestrais de um determinado
grupo étnico. Curiosamente quanto mais para trás formos nessa ancestralidade
mais ela se torna comum a todos os seres humanos, basta reler nossos textos
para entender esse raciocínio.
Veja este exemplo, nos países Nórdicos: Suécia,
Finlândia, Noruega, Dinamarca e Islândia, a imigração é pequena, a
Ancestralidade Grupal dessa região é predominantemente Viking e os vínculos
entre eles muito grandes pois são países de populações pequenas o que quer
dizer que os laços de parentesco deles são muito mais próximos e
consequentemente os compromissos cármicos familiares.
Já no Brasil temos a Ancestralidade Grupal dos
índios, a Ancestralidade Grupal dos Africanos, dos Europeus de origem Latina
(Portugueses, Espanhóis, Italianos), dos Europeus de origem Germânica, dos
Sírio Libaneses, dos ROM, e mais recentemente, Japoneses, Coreanos e Chineses.
Percebe-se aqui uma riqueza espiritual
incomensurável, cristãos, judeus, africanos, muçulmanos, budistas, xintoístas,
de várias denominações de cada uma dessas religiões, tentando conviver e se
harmonizar (muitas vezes de forma imposta) entre tantas religiões e filosofias
e modos de encarar o mundo, a vida, a fé, o futuro, a morte etc.
E a Umbanda! Finalmente nossa jovem Anciã! Ela
entende o todo, pois nos ensina a reverenciar a ancestralidade em sua
totalidade, recebe dentro de si o cristianismo e toda sua ancestralidade, as
religiões indígenas, a jurema e toda sua ancestralidade a matriz africana, o
candomblé e toda sua ancestralidade, os orixás e cada etnia que representavam,
recebemos nossos guias como nossa ancestralidade espiritual, e formamos
famílias espirituais. A Umbanda recebe filhos que descendem de europeus,
africanos, árabes, asiáticos, ciganos. Negro, Branco, Amarelo, oriente e
ocidente, ela recebe em suas correntes escravos, pajés, xamãs, magos, sábios
orientais, ciganos, doutores e curadores todos em missão de luz e crescimento.
Ao reconhecer a ancestralidade a Umbanda
recebeu de uma vez milênios de sabedoria, milênios de aprendizado e evolução
espiritual. Fundiu em si, todos os cultos e todas as famílias, criou um
caldeirão. Nenhuma religião reuniu tanto até hoje, enquanto tantas pregam uma
pureza ortodoxal, a Umbanda tem o orgulho de ser a soma de tudo.
Filosoficamente a Umbanda se coloca de forma abrangente tendo a toda a humanidade
como sua ancestralidade e consequentemente todo esse arcabouço espiritual como
sua sabedoria a ser descoberta e conhecida.
Não é à toa que é tão temida pelos ignorantes,
afinal conhecimento é poder e poder em mãos erradas é muito perigoso. Daí a
responsabilidade herdada por cada sacerdote de ser guardião desse conhecimento,
de ser guia de seus filhos pelos caminhos dessa ancestralidade, e de cada filho
em reconhecer que a Umbanda nos faz a todos irmãos, nesta vida e nas outras,
filhos da humanidade, compartilhando ancestrais, diluindo juntos os carmas de
nossos antecessores, construindo um mundo de união em dois planos o espiritual
e o material, preparando as futuras gerações para uma volta ao natural, ao
sábio, ao divino e humano.
Salve a nossa Umbanda Divindade Maior!
Teologia Comparada Parte 12.
O Tambor e a Umbanda. Parte 1.
Para melhor entender os aspectos do Tambor na Umbanda, seria necessário uma leitura ao texto da Teologia Comparada Parte 10 para entender a definição mais ortodoxa de Umbanda. A Umbanda oficialmente assim denominada tem seu início / anunciação em Novembro de 1908. Originalmente a Umbanda fundada pelo Caboclo 7 Encruzilhadas através do seu médium Zélio de Morais não tinha a ritualística ou liturgia que hoje se encontra na imensa maioria dos terreiros do país.
Originariamente, a Umbanda ainda não havia incorporado aos seus fundamentos os Orixás, bem como seu culto, guias, oferendas.
Obviamente que ao receber em ambos planos, encarnados e desencarnados, todos os órfãos das demais religiões; (negros, índios, mestiços, mulatos, caboclos, sacerdotes, pajés, xamãs), sua tradição, oralidade e cultura iriam impactar de forma irreversível a nascente religião. Trazendo para essa novíssima religião a ancestralidade que uniria três povos em um princípio, a negra, a indígena e a europeia. Cristianismo / Judaísmo, Pajelança, Candomblé em todas as suas correntes.
Uma coisa comum a todas essa religiões:
O Tambor.
"Após a passagem pelo mar Vermelho, Miriam e as mulheres de Israel dançaram ao som de tamboris (Êxodo 15:20). Outras mulheres dançaram com tamboris após as vitórias de Saul e David (1 Samuel 18:6). O Salmo 149 (verso 3) incentiva a louvar ao Senhor com harpa e adufe. (Cristianismo / Judaísmo)"
Mas mesmo se formos tão atrás como nas raízes do povo Judeu ainda não teremos chegado sequer perto da origem do Tambor.
" Um Tambor é uma voz viva e sensível como qualquer voz. Quando fala, nós devemos ouvir e honrar a mensagem com o que há de melhor e mais nobre em nós mesmos, pois esta é uma voz de grande poder e um presente direto de um ser muito maior. Se fizermos isso nossas vidas serão repletas e felizes"
Lowis W. Ballard, Quapak - Cherokee.
"Tambores Xamânicos: Tambor como cavalo, ou a canoa, que leva ao mundo espiritual"
"Os nativos norte-americanos associam o toque do tambor as batidas do coração da Mãe-Terra e também ao som do útero. O tambor dá acesso a força vital através de seu ritmo."
"Tambores Xamânicos: Tambor como cavalo, ou a canoa, que leva ao mundo espiritual"
"Os nativos norte-americanos associam o toque do tambor as batidas do coração da Mãe-Terra e também ao som do útero. O tambor dá acesso a força vital através de seu ritmo."
Fonte: http://www.xamanismo.com.br/tambores-xamanicos-tambor/
Fugindo a todo aspecto místico do toque do tambor, mesmo as pessoas mais leigas conseguem perceber a força da batida de um tambor. Seja a bateria da Escola de Samba levantando a platéia no Carnaval, ou o ritmo da batida dos pés de um bailarino de catira no tablado, ambos parecem que terminam por determinar a frequência de nosso próprio coração.
O Tambor por ter essa determinação sobre nosso corpo
Fugindo a todo aspecto místico do toque do tambor, mesmo as pessoas mais leigas conseguem perceber a força da batida de um tambor. Seja a bateria da Escola de Samba levantando a platéia no Carnaval, ou o ritmo da batida dos pés de um bailarino de catira no tablado, ambos parecem que terminam por determinar a frequência de nosso próprio coração.
O Tambor por ter essa determinação sobre nosso corpo
É utilizado por xamãs e sacerdotes do mundo inteiro, em diversos tamanhos e formas, como, por exemplo o Damaru ( o instrumento de Shiva ), os tambores japoneses, as tablas indianas, as tumbadoras cubanas. É usado no Tantra, no Budismo Tibetano, nos cultos afro, tais como a Umbanda e o Candomblé ( atabaques ). Neste último existe a prática do batismo dos atabaques, onde são aspergidos por água benta; são oferecidas comidas dos santos, e os tambores envoltos com as cores dos orixas a que foram consagrados. Nos cultos jeje-nagô os atabaques são percutidos com varinhas (aguidavis), nos cultos de angola são percutidos com as mãos.
Na Sibéria, o tambor é redondo ou oval, geralmente feito com pele de alce ou rena, e os espíritos é que decidem qual o tipo de madeira deve ser usado para a fabricação do tambor.
Entre os índios brasileiros existem os tambores de cerâmica (percutido com uma baqueta), o tambor d’água (de cerâmica cheio de água); o tambor de fenda, que é uma madeira cavada em um tronco com aberturas circulares (sem pele), pendurados há alguns centímetros do chão e tocados por duas baquetas, e os tradicionais tambores de pele.
No Candomblé geralmente são três : Rum, o maior – Rumpi, o médio e Lé,o menor.
Fonte: http://www.xamanismo.com.br/tambores-xamanicos-tambor/
História
Os tambores são utilizados desde as mais remotas eras da humanidade. Acredita-se que os primeiros tambores fossem troncos ocos de árvores tocados com os pés ou galhos. Posteriormente, quando o homem aprendeu a caçar e as peles de animais passaram a ser utilizadas na fabricação de roupas e outros objetos, percebeu-se que ao esticar um pé sobre o tronco, o som produzido era mais agudo. Pela simplicidade de construção e execução, tipos diferentes de tambores existem principalmente no Brasil. A variedade de formatos, tamanhos e elementos decorativos depende dos materiais encontrados em cada região e dizem muito sobre a cultura que os produziu.
Os tambores exerciam nas civilizações primitivas diversos papéis. Além da produção de música para rituais e festas, os tambores, devido à sua grande potência sonora, também foram usados como meios de comunicação.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tambor
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