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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Teologia Comparada Partes 11 a 20

Teologia Comparada Parte 11.
A Ancestralidade e a Umbanda.
Quando começamos nosso trabalho, mencionamos a Umbanda como a mais jovem e mais ancestral das religiões, e talvez seja a hora de entender este conceito.
Em primeiro lugar, como já vimos, alguns nem sequer consideram a Umbanda como religião por uma definição deontológica.
            A Umbanda não possui uma liturgia definida.
            A Umbanda não possui “escrituras” sagradas.
            A Umbanda não possui um “clero” unificado ou centralizado.
Por essa perspectiva, as diferentes manifestações religiosas denominadas Umbanda, seriam só um nome comum e cada uma seria uma Seita aparte. Algumas correntes cultuam Orixás, outras não, algumas cortam para Orixás outras, só para Exú, outras para ninguém, algumas tem atabaques, outras não, em algumas o Ogã não canta, existe alguém para puxar os pontos, algumas têm cambono, outras não. Algumas trabalham com o povo de encruza outras não.
Mas curiosamente todas elas têm uma coisa em comum, a ANCESTRALIDADE.
O que é ANCESTRALIDADE? Podemos definir a questão da ancestralidade sob diferentes aspectos.
Ancestralidade Genética
Ancestralidade Espiritual
Ancestralidade Grupal ou Étnica.
A Ancestralidade Genética é aquela que conhecemos com mais facilidade, nossos pais, avós, bisavós, tataravós e daí para trás. Muito cultuada no Ocidente, herdada pelo Judaísmo, que consegue, por exemplo, traçar a Genealogia de Cristo até Adão e Eva. Também questão sagrada entre os Mórmons que durante décadas pesquisaram e guardaram suas genealogias de modo a levar o evangelho aos seus antepassados e assim dar-lhes a possibilidade de aceitarem a Jesus e serem batizados mesmo depois de mortos e assim serem salvos no Juízo Final.
Algumas culturas orientais acreditam que em nossas vidas além dos Carmas de nossas vidas passadas, resgatamos carmas que passam através do sangue, carmas familiares, de nossos antepassados. Os japoneses Xintoístas acreditam que podemos ser reencarnação de nossos antepassados, e por isso cultuam seus ancestrais como forma de atrair bênçãos para si mesmos, para eles as sucessivas encarnações acontecem sempre em grupos familiares. O Xintoísmo também é uma religião Politeísta que acredita no culto aos ancestrais assim como o Budismo originado na Índia. No Budismo não há um Deus central há um aspecto divino ao qual todas as almas chegarão um dia após abandonar os ciclos de reencarnação e o apego à matéria.
Ancestralidade Espiritual, esta é a mais difícil de explicar por ser a mais difusa, sua compreensão depende de acreditar em dois fatores, o da reencarnação, e o da unidade de consciência do espírito, nos cultos orientais, as sucessivas encarnações vão polindo um espírito que não tem propriamente consciência de si mesmo como uma unidade ou seja de certo modo sem “ego”, podemos encarnar em diferentes “reinos” espirituais aleatoriamente dependendo tão somente de nossos carmas; Ex: para os hinduístas é possível reencarnar como animal, não sendo isso considerado propriamente um castigo, mas somente uma consequência das escolhas evolutivas. Os “reinos” ditos infernais, não são eternos; assim como o Umbral espírita; uma vez esgotado o carma deixa-se a esfera espiritual probatória.
Então Ancestralidade Espiritual, não é aquela dos pais e avós de nossa vida atual, mas sim os vínculos de amor e carma adquiridos ao longo das sucessivas encarnações que se vinculam a nós, são nossos guias e mentores espirituais, bem como nossos desafetos cármicos, adquiridos ao longo de nossas vidas sucessivas. Aqueles vínculos de amor (ou ódio) que transcendem uma única encarnação, criando laços que nos acompanham por milênios ou pela eternidade, fazendo que almas afins ou ligadas pelo carma, encarnem sucessivas vezes em ambientes de contato até esgotar suas dívidas ou para auxiliar-se no desempenho de sua missão na Terra.
Se formos comparar as duas modalidades estudadas até agora, poderíamos visualizar da seguinte forma. Ao longo de uma vida (eternidade), tenho vários empregos (encarnações). Dentro desta eternidade construo vínculos (famílias espirituais) que carrego comigo, mesmo que um desses meus empregos (encarnações) me leve temporariamente para longe da família. Por outro lado, neste emprego (encarnação) tenho que resolver problemas que eu causei (meu carma) ou que meus antecessores na vaga deixaram (carma genético ou familiar) para isso, formamos grupos e equipes de trabalho, criamos relações de coleguismo (familiares e amigos da vida presente) e muitas vezes criamos inimigos em nosso trabalho (encarnação). Ao longo desse serviço pode que eu me vincule de forma mais intensa com algum desses colegas que passará a compor minha família de vida (eternidade). Ao dormir, viajo em direção a minha família eterna, ao desencarnar tiro férias entre um trabalho e outro junto deles. Essa família eterna é a nossa Ancestralidade Espiritual.
A Ancestralidade Grupal é a Ancestralidade Espiritual de todo um povo. É a soma das famílias ancestrais de um determinado grupo étnico. Curiosamente quanto mais para trás formos nessa ancestralidade mais ela se torna comum a todos os seres humanos, basta reler nossos textos para entender esse raciocínio.
Veja este exemplo, nos países Nórdicos: Suécia, Finlândia, Noruega, Dinamarca e Islândia, a imigração é pequena, a Ancestralidade Grupal dessa região é predominantemente Viking e os vínculos entre eles muito grandes pois são países de populações pequenas o que quer dizer que os laços de parentesco deles são muito mais próximos e consequentemente os compromissos cármicos familiares.
Já no Brasil temos a Ancestralidade Grupal dos índios, a Ancestralidade Grupal dos Africanos, dos Europeus de origem Latina (Portugueses, Espanhóis, Italianos), dos Europeus de origem Germânica, dos Sírio Libaneses, dos ROM, e mais recentemente, Japoneses, Coreanos e Chineses.
Percebe-se aqui uma riqueza espiritual incomensurável, cristãos, judeus, africanos, muçulmanos, budistas, xintoístas, de várias denominações de cada uma dessas religiões, tentando conviver e se harmonizar (muitas vezes de forma imposta) entre tantas religiões e filosofias e modos de encarar o mundo, a vida, a fé, o futuro, a morte etc.
E a Umbanda! Finalmente nossa jovem Anciã! Ela entende o todo, pois nos ensina a reverenciar a ancestralidade em sua totalidade, recebe dentro de si o cristianismo e toda sua ancestralidade, as religiões indígenas, a jurema e toda sua ancestralidade a matriz africana, o candomblé e toda sua ancestralidade, os orixás e cada etnia que representavam, recebemos nossos guias como nossa ancestralidade espiritual, e formamos famílias espirituais. A Umbanda recebe filhos que descendem de europeus, africanos, árabes, asiáticos, ciganos. Negro, Branco, Amarelo, oriente e ocidente, ela recebe em suas correntes escravos, pajés, xamãs, magos, sábios orientais, ciganos, doutores e curadores todos em missão de luz e crescimento.
Ao reconhecer a ancestralidade a Umbanda recebeu de uma vez milênios de sabedoria, milênios de aprendizado e evolução espiritual. Fundiu em si, todos os cultos e todas as famílias, criou um caldeirão. Nenhuma religião reuniu tanto até hoje, enquanto tantas pregam uma pureza ortodoxal, a Umbanda tem o orgulho de ser a soma de tudo. Filosoficamente a Umbanda se coloca de forma abrangente tendo a toda a humanidade como sua ancestralidade e consequentemente todo esse arcabouço espiritual como sua sabedoria a ser descoberta e conhecida.
Não é à toa que é tão temida pelos ignorantes, afinal conhecimento é poder e poder em mãos erradas é muito perigoso. Daí a responsabilidade herdada por cada sacerdote de ser guardião desse conhecimento, de ser guia de seus filhos pelos caminhos dessa ancestralidade, e de cada filho em reconhecer que a Umbanda nos faz a todos irmãos, nesta vida e nas outras, filhos da humanidade, compartilhando ancestrais, diluindo juntos os carmas de nossos antecessores, construindo um mundo de união em dois planos o espiritual e o material, preparando as futuras gerações para uma volta ao natural, ao sábio, ao divino e humano.

Salve a nossa Umbanda Divindade Maior!

Teologia Comparada Parte 12.

O Tambor e a Umbanda. Parte 1.

Para melhor entender os aspectos do Tambor na Umbanda, seria necessário uma leitura ao texto da Teologia Comparada Parte 10 para entender a definição mais ortodoxa de Umbanda. A Umbanda oficialmente assim denominada tem seu início / anunciação em Novembro de 1908. Originalmente a Umbanda fundada pelo Caboclo 7 Encruzilhadas através do seu médium Zélio de Morais não tinha a ritualística ou liturgia que hoje se encontra na imensa maioria dos terreiros do país.
Originariamente, a Umbanda ainda não havia incorporado aos seus fundamentos os Orixás, bem como seu culto, guias, oferendas. 
Obviamente que ao receber em ambos planos, encarnados e desencarnados, todos os órfãos das demais religiões; (negros, índios, mestiços, mulatos, caboclos, sacerdotes, pajés, xamãs), sua tradição, oralidade e cultura iriam impactar de forma irreversível a nascente religião. Trazendo para essa novíssima religião a ancestralidade que uniria três povos em um princípio, a negra, a indígena e a europeia. Cristianismo / Judaísmo, Pajelança, Candomblé em todas as suas correntes.
Uma coisa comum a todas essa religiões: 
O Tambor.
"Após a passagem pelo mar VermelhoMiriam e as mulheres de Israel dançaram ao som de tamboris (Êxodo 15:20). Outras mulheres dançaram com tamboris após as vitórias de Saul e David (1 Samuel 18:6). O Salmo 149 (verso 3) incentiva a louvar ao Senhor com harpa e adufe. (Cristianismo / Judaísmo)"
Mas mesmo se formos tão atrás como nas raízes do povo Judeu ainda não teremos chegado sequer perto da origem do Tambor.


" Um Tambor é uma voz viva e sensível como qualquer voz. Quando fala, nós devemos ouvir e honrar a mensagem com o que há de melhor e mais nobre em nós mesmos, pois esta é uma voz de grande poder e um presente direto de um ser muito maior. Se fizermos isso nossas vidas serão repletas e felizes"
Lowis W. Ballard, Quapak - Cherokee.

"Tambores Xamânicos: Tambor como cavalo, ou a canoa, que leva ao mundo espiritual"
"Os nativos norte-americanos associam o toque do tambor as batidas do coração da Mãe-Terra e também ao som do útero. O tambor dá acesso a força vital através de seu ritmo."
Fonte: http://www.xamanismo.com.br/tambores-xamanicos-tambor/

Fugindo a todo aspecto místico do toque do tambor, mesmo as pessoas mais leigas conseguem perceber a força da batida de um tambor. Seja a bateria da Escola de Samba levantando a platéia no Carnaval, ou o ritmo da batida dos pés de um bailarino de catira no tablado, ambos parecem que terminam por determinar a frequência de nosso próprio coração.

O Tambor por ter essa determinação sobre nosso corpo
É utilizado por xamãs e sacerdotes do mundo inteiro, em diversos tamanhos e formas, como, por exemplo o Damaru ( o instrumento de Shiva ), os tambores japoneses, as tablas indianas, as tumbadoras cubanas. É usado no Tantra, no Budismo Tibetano, nos cultos afro, tais como a Umbanda e o Candomblé ( atabaques ). Neste último existe a prática do batismo dos atabaques, onde são aspergidos por água benta; são oferecidas comidas dos santos, e os tambores envoltos com as cores dos orixas a que foram consagrados. Nos cultos jeje-nagô os atabaques são percutidos com varinhas (aguidavis), nos cultos de angola são percutidos com as mãos.
Na Sibéria, o tambor é redondo ou oval, geralmente feito com pele de alce ou rena, e os espíritos é que decidem qual o tipo de madeira deve ser usado para a fabricação do tambor.
Entre os índios brasileiros existem os tambores de cerâmica (percutido com uma baqueta), o tambor d’água (de cerâmica cheio de água); o tambor de fenda, que é uma madeira cavada em um tronco com aberturas circulares (sem pele), pendurados há alguns centímetros do chão e tocados por duas baquetas, e os tradicionais tambores de pele.
No Candomblé geralmente são três : Rum, o maior – Rumpi, o médio e Lé,o menor.

Fonte: http://www.xamanismo.com.br/tambores-xamanicos-tambor/

História
Os tambores são utilizados desde as mais remotas eras da humanidade. Acredita-se que os primeiros tambores fossem troncos ocos de árvores tocados com os pés ou galhos. Posteriormente, quando o homem aprendeu a caçar e as peles de animais passaram a ser utilizadas na fabricação de roupas e outros objetos, percebeu-se que ao esticar um pé sobre o tronco, o som produzido era mais agudo. Pela simplicidade de construção e execução, tipos diferentes de tambores existem principalmente no Brasil. A variedade de formatos, tamanhos e elementos decorativos depende dos materiais encontrados em cada região e dizem muito sobre a cultura que os produziu.

Os tambores exerciam nas civilizações primitivas diversos papéis. Além da produção de música para rituais e festas, os tambores, devido à sua grande potência sonora, também foram usados como meios de comunicação.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tambor

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