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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Iberê de Oxóssi

 No dia em que meu Pai Oxósse e eu nos fizemos um, eu recebi outra família, outra história, outra ancestralidade para somar com a minha, e outro nome


IBERÊ: Rio que Arrasta. 


Confesso que apesar de eu gostar da sonoridade do nome, o significado me preocupou. Eu que sempre tive todas as minhas conquistas com tanta dificuldade pensei, será que será sempre este meu destino? Lento e arrastado.


Então Nanã me lembrou que na beira dos rios lentos se formam os melhores mangues, o lugar especial para a transmutação a fertilidade e a vida.


Xangô também me levou ao alto paredão de pedra dos belos canyons pelo mundo afora e me mostrou lá no fundo o trabalho que Tempo e um rio lento podem fazer. 


Oxum me mostrou que mesmo o mais lento rio ainda há de cair do alto em rara beleza e força na busca de seu caminho pelo Reino de Abaluaê


Ogum me mostrou que todo progresso do homem do cultivo, da caça, da pesca, da navegação, começou sempre ás margens de um rio lento.


Iemanjá me disse que eu aproveitasse a lentidão da viagem para aprender, que eu parasse nas curvas para conversar e ensinar. Que eu brilhasse nas quedas para dar exemplo porque rápido ou lento em Seu seio eu iria, um dia, desembocar. 


Então minha Mãe Iansã me disse: Calma Iberê. Tudo na hora certa. Pois só o incauto entra no rio manso sem se precaver  da força e do poder que o mais calmo dos rios alcança quando  eu me manifesto!


E Oxalá? Ah Oxalá ele sempre esteve ali. A iluminar meu percurso. Pois sem a luz, a fertilidade não existe, a cachoeira não brilha, a beleza não se vê, a natureza não se aprende.


Acordei. Mais IBERÊ que nunca!

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